posted on 2024-06-28, 15:50authored bySean Mitchell
This paper examines the conflicts surrounding Brazil’s Alcântara spaceport through an ethnographic analysis of an important meeting, and it advances some arguments about the use of expertise in social conflict. Conceived at the end of Brazil’s 1964–1985 military regime, the spaceport has long been at the center of social conflict. Today it is utilized by Brazil’s civilian and military space programs, often at odds with each other. When the base was built, some 1,500 villagers were removed from their land; other villages surrounding the base have resisted expropriation, assisted by a wide network of allies. During decades of conflict, villagers have increasingly come to mobilize around a contemporary ethnoracial identity, quilombola (escaped-slave descendant), prompted in part by a clause in Brazil’s 1988 constitution that requires that the state grant land rights to quilombo-descended communities. I argue that: 1) participants in Alcântara’s conflicts often frame their arguments by placing boundaries around technical, natural, and social domains—that is, by making claims about ontology; 2) such framing privileges varied forms of expertise; and 3) examining deployments of expertise is important for understanding relations of inequality in situations where globally dispersed technologies are significant (everywhere) and, also, when ambiguous, group-specific rights are involved (such as those of the quilombolas). In my consideration of the ontological character of some political claims, I briefly consider the so-called ontological turn in anthropological theory in order to argue against the construal of social differences as ontological ones.
Resumen
Este artigo analisa os conflitos sociais engendrados a partir do estabelecimento do Centro de Lançamento de Alcântara por meio da análise etnográfica de uma reunião que ocorreu entre atores envolvidos no conflito. O artigo também tece considerações teóricas acerca da utilização do conhecimento técnico em situações de conflito social. Concebido no final do regime militar (1964-1985), o Centro de Lançamento está no bojo dos conflitos sociais da cidade de Alcântara. Atualmente, o Centro é utilizado pelos programas espaciais civis e militares, contudo, muitas vezes com desacordos entre eles. No momento em que a base foi construída, cerca de 1.500 moradores foram removidos de suas terras, no entanto, outros resistiram à desapropriação, apoiados por uma ampla rede de aliados. Durante décadas de conflito, os moradores resistentes fortaleceram sua mobilização por meio da identidade ethnoracial, quilombola, motivados, em parte, pela cláusula da Constituição de 1988 que protege a terra dos remanescentes das comunidades de quilombos. Isto posto, desenvolvo, no artigo, os seguintes argumentos: 1) Os participantes dos conflitos relativos à base de Alcântara frequentemente desenvolvem seus argumentos por meio do estabelecimento de limites técnicos, naturais, e sociais, isto é, por meio de reivindicações que utilizam argumentos de cunho ontológico;2) Esta forma de argumentação privilegia várias formas de conhecimento técnico; e 3) Examinar a utilização desse tipo de conhecimento é importante para compreender as relações de desigualdade que se estabelecem em situações em que são significativas tanto as tecnologias dispersas globalmente como os direitos específicos de grupos ambiguamente construídos. Por fim, para desenvolver as minhas considerações acerca do caráter ontológico presente nessas reivindicações políticas, utilizo breves reflexões acerca da chamada “virada ontológica” que se estabeleceu no interior da teoria antropológica, no intuito de argumentar contra a interpretação que compreende as diferenças sociais como diferenças ontológicas.